Hoje é um dia com
sentimentos tristes para nossa gente, mas também de reflexão... Nosso querido Cláudio Petrycoski tinha
apresso por filosofia e uma admiração especial por um dos mais influentes
matemáticos, filósofos e ensaístas, historiadores e lógicos do Século XX,
chamado Bertrand Russel que, entre suas célebres frases, certo dia disse que “o
amor sob a sua forma mais elevada revela valores que sem ele ficariam
ignorados.” Uma frase reflexiva que vale a pena repetir: “o amor sob a
sua forma mais elevada revela valores que sem ele ficariam ignorados.”,
linda pelo tanto que representa e pelo vínculo direto com a trajetória
existencial Cláudio Petrycoski.
Uma pessoa apaixonada e
com muito amor por Pato Branco, pelo Sudoeste e pelo Paraná. Que, como
brincava, foi gerado em Erebango, no Rio Grande do Sul, vindo nascer, há mais
de 73 anos, na Vila Nova, fase em que nosso território pertencia a
Clevelândia... Na infância simples, estudava e convivia com os seus seis
irmãos, vivenciando a expansão da exploração da madeira e a transformação
urbana, num pequeno aglomerado de moradias que permitia pescarias e caçadas de
rã no Rio Ligeiro, no centro de nossa atual cidade.
Cláudio sempre teve seu
pai como referência. Nunca escondeu sua admiração e seu amor especial por
Theóphilo Petrycoski, tendo, agora, a oportunidade do merecido reencontro.
Afinal foi um dos afastamentos mais marcantes de sua vida, pois tinha o claro
entendimento de que seu pai era um empreendedor nato, um visionário e uma
pessoa de bem, valores que procurou preservar e fortalecer, inclusive os
inserindo dentro da cultura das empresas que liderou e hoje estão sendo muito
bem administradas por filhos e familiares.
No início de sua trajetória
profissional Cláudio trabalhou pesado, na Distribuidora e, foi, gradativamente,
direcionando sua jornada para atuar na indústria de fogões que era administrada
por seu pai e, depois, pelos irmãos Irani (em memória) e Valdir. Num momento de
extrema crise da indústria de fogões Cláudio encarou o desafio de enfrentar o
impossível. Com o apoio do bom momento do Plano Real e parcerias acertadas, assumiu a gestão da
Indústria de Fogões conseguiu reerguer a atividade. Foi a liderança chave,
posteriormente, para a transição da produção de fogões a lenha para gás e na
mudança de Fogões Petrycoski para Atlas Eletrodomésticos. Além disso acompanhou
de perto, toda a evolução dos produtos que passaram a se destacar nacionalmente
pelas certificações vinculadas a qualidade e a economia. Nos últimos tempos,
dentro de um processo de gestão corporativa, Cláudio se reservava a participar
das reuniões mensais do Conselho de Administração, sempre questionando e
buscando visões diferentes sobre um determinado ponto para aguçar a reflexão
dos demais.
O amor pelo
empreendedorismo levou Cláudio Petrycoski a atuar, por mais de 30 anos, como
coordenador ou vice-presidente da FIEP – Federação das Indústrias do Estado do
Paraná e presidente interino da Entidade no ano de 2018, quando obteve, também,
o Título de Cidadão Benemérito do Paraná, concedido pela Assembleia
Legislativa. Incentivou a participou da criação de diversas outras empresas,
além da Atlas Eletrodomésticos.
O amor pela sua gente
fez Cláudio liderar o Fórum de Desenvolvimento de Pato Branco, depois o
Instituto Regional de Desenvolvimento Econômico e Social – IRDES, onde estava
na presidência; também presidiu a Agência de Desenvolvimento do Sudoeste e o
Sindimetal por quatro mandatos;
acompanhou a estruturação do Instituto Theóphilo Petrycoski, o ITP e foi um dos idealizadores e incentivadores do
Observatório Social de Pato Branco – OSB-PB.
O amor por boas causas
colocou Cláudio em condição de destaque nas mobilizações para viabilização do
Hospital do Câncer; a defender o idioma universal Esperanto, trazendo o maior
evento internacional para Pato Branco; a difundir o Tchoukball, denominado
esporte da paz; a atuar no apoio
diferenciado para as entidades beneficentes de Pato Branco e da Região; a estar
na defesa firme por mudanças na propostas de praças de pedágio, pleiteando
valores mais acessíveis e na coragem de contrariar a maioria em defesa de um
aeroporto regional único para o sudoeste: o Aeroporto Regional Juvenal Cardoso,
em Pato Branco.
O amor ao próximo fez de
Cláudio um patrocinador diferenciado para a Loja do Bem, voltada a
comercializar produtos do Gama e das entidades beneficentes de Pato Branco que,
muito em breve será inaugurada. O fez integrar o Projeto Ópera Educa que dá
acesso educacional diferenciado a jovens com vontade e sem recursos financeiros
e tantas iniciativas ligadas a Fundação Sudoestina de Combate ao Câncer, ao
Gama, ao SOS Vida, a Fundabem, a APMI de Coronel Vivida, ao Remanso da
Pedreira, a Casa Lar, a Casa Abrigo de Coronel Vivida, as Apaes, aos Lares de
Idosos, entre tantas outras organizações que ajudava e não difundia por
entender que quando praticava o amor de colaborar seria ele, sim, o primeiro
beneficiado.
Não faltou o amor a
cultura com a participação direta no desenvolvimento de livros históricos de
Pato Branco e Foz do Iguaçu; na elaboração de documentários; do dicionário de
sete idiomas; no incentivo a estruturação do Auditório do Sesi para
apresentações culturais; na estruturação e no acompanhamento cotidiano dos
corais Chama Viva, Chaminha e na paixão que tinha pelo Teatro Atlas Patoart e
suas apresentações, especialmente as que tocavam assuntos filosóficos, entre
inúmeras outras iniciativas como a estruturação de praças públicas com obras
diferenciadas.
O amor pelo esporte o
fez um entusiasta e o maior incentivador do Pato Futsal; do Pato Basquete; das
Patinhas; do Azuriz, de maratonistas e competidores das mais diversas
modalidades esportivas. Foi, como presidente da Fiep, grande incentivador para
a revitalização do Ginásio Esportivo do Sesi. Não ao acaso foi escolhido para
carregar a chama olímpica e acender a pira, um dos momentos de grande emoção
pessoal vivida.
O amor aos seus sonhos
que nunca paravam... Sempre tinha algo mais e já projetava novas iniciativas
focadas no desenvolvimento humano. Queria ver pessoas tendo a chance de
alcançarem um futuro melhor, mais próspero e justo e não media esforços para
contribuir. Era muitas vezes excêntrico
por causas que, se estudadas, envolviam, em seus conceitos mais puros, de fato,
muito amor e o estímulo a reflexão. Mesmo antes da despedida o nosso Cláudio
deixou sonhos pessoais e não foram poucos e nem menos belos...
O amor também fez
Cláudio conhecer o maior amor de sua vida, Cecília, com quem teve uma bela
história de vida, formação familiar numa integração que prevaleceu até seus
últimos dias. Tanto que em seus últimos dias estavam festejando, juntos, a
alegria do viver.
E não faltou, também, o
amor pela família, acompanhando os desafios, as conquistas, os erros, os
acertos e a vida cotidiana dos cinco filhos e 12 netos, genro, noras, irmãos,
sobrinhos e amigos próximos alguns recém
chegados e prontos a saber, num futuro próximo, que Cláudio Petrycoski deixou o
legado maior de ser alguém diferente do que poderia ter sido. Algo que o torna
querido e reconhecido por quem o conheceu pela simplicidade existencial,
coração e obstinação em proporcionar
transformações evolutivas.
Cláudio, você poderia
ser apenas o empresário. Mas não quis... O amor, sob a forma mais elevada, revelou,
em você Cláudio, valores que sem ele, o amor, ficariam ignorados, confirmando o
que seu estimado Bertrand Russel conceituava.
Obrigado Cláudio. Que
sua existência que, sim, acreditava em existências maiores, sirva de referência
para quem o acompanhou e soube admirá-lo pelo que é e pela contribuição que nos
deixou.
Gratidão é a nossa
palavra.
Gratidão é o mínimo que
podemos ter por você que fez do amor ao outro algo que não podemos, jamais,
ignorar...